25/08/2009 21h26
O DEFUNTO! ( A MAO ASSUSTADORA!)
Quando eu esperava uma lotação que ligava os municípios de Lambari, Sul de Minas, com Cambuquira, Caxambu, São Lourenço e outros, me lembro de uma noite em especial, que estava com todos os lugares ocupados, mas por sorte, um passageiro na última hora, desistiu da viagem noturna e fora agraciado com essa desistência, a referida lotação era daquelas muito antiga com desconfortáveis , motor Ford com seu barulho característico e bota característico nisso, pois você ficava quase surdo ao chegar ao seu destino, com assentos, bem surrados, e desconfortáveis , tendo acima de sua cabeça aquele perigoso porta bagagens, em que ia acondicionado as ditas malas de mão, que você não conseguira acondicionar na bagageira superior, que ficava acima do veículos, ao léu, protegida por uma lona antiga e surrada lona , bem amarrada as hastes fixas de proteção lembrando aquelas diligências do velho oeste. Quando um passageiro , no meio da estrada, estendeu a mão, no sinal característico solicitando ao motorista que parasse o veículo, o que prontamente foi atendido, abrindo a porta de frente que era a única de acesso de entrada e saída , com uma manivela manual, iniciou o diálogo:
- Boa Noite ! ! -Boa Noite, respondeu o passageiro. - A lotação está completa, se quiser seguir viagem , só tem lugar lá em cima na bagageira, mas tem um problema, estamos transportando alem das bagagens dos passageiros , um caixão de defunto, mas não se preocupe que está vazio, é para um enterro que se realizara amanhã na cidade de Jesuania. ( essa cidadezinha, muito simples fica cerca de 10 Km de Lambari). - Não há problema algum, e dito isso , subiu pela escada de ferro de dava acesso ao bagageiro onde estava o dito caixão. E a viagem , corria sem nenhuma complicação, quando de repente, como é muito comum nessa região, começa, uma tremenda chuva, daquelas de molhar até os ossos de qualquer cristão. E o passageiro ao se ver desprevenido, sem capa ou guarda chuva, não perdeu tempo, abriu o caixão e puf ! entrou antes que ficasse encharcado. E a viagem continuava sem nenhuma intercorrênncia, na Santa Paz do Senhor, já estávamos quase se aproximando de Jesuania, quando o motorista avistou ou longe um passageiro que ele conhecia bem , era o Juvenal, um fanfarrão, mulato forte , e brigador, que alegava aos quatro ventos que não tinha medo de ninguém, muito menos de alma penada ou fantasma, e , querendo evitar confusão , parou a lotação , abrindo a porta com o seu ruído característico logo foi avisando: - Sr Juvenal, não há lugar , todos os acentos estão ocupados, se o Sr quiser , terá que fazer companhia ao outro que está lá em cima. - Juvenal, deu uma olhada para cima , só avistou as bagagens e um caixão, não entendendo bem, por que o motorista afirmara que faria companhia a alguém em cima do veiculo, será que ele pensa que eu tenho medo de defunto, logo eu, Juvenal, bom de briga e machão destemido e comedor de todas as mulheres que caísse na sua conversa. Não conversou, subiu as escadas e de um pulo se ajeitou na bagageira superior bem ao lado do caixão. E ao dar arrancada com o seu barulho característico a viagem seguia mansa e pacifica. Já estávamos avistando as luzes de Jesuania , indicativo que teríamos uma das inúmeras paradas , daquela viagem daquela lotação também denominada mata sapos, pois parava em todos o brejos. Ai aconteceu algo inesperado. O primeiro passageiro , que tinha dormido , dentro do caixão, com o balanço da viagem, acorda, e abrindo o caixão botando a mão para fora, perguntou para os seus botãoes: - Será que a porra desta chuva parou? O mulato Juvenal, que coitado pensava estar sozinho, percebeu-se ao contrario, e na arregalando os olhos, pensando tratar-se de um assombração, melhor dizendo um defundo levantando-se do caixão , deu um grito de medo e agonia: - Vade retro , valei-me meu São Jorge, e de um pulo só , do teto da lotação ganhou a estrada e saiu correndo gritando a todos pulmões: - AHHHHHHHHH! Desconjuro ! Vá assombrar outro.... Há quem diga de Juvenal nunca mais andou de lotação na vida,,, Publicado por PAULO ROBERTO SILVEIRA em 25/08/2009 às 21h26
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |