DR. PAULO ROBERTO SILVEIRA

VIVO DE AJUDAR AS PESSOAS  A AMENIZAREM  OS SOFRIMENTOS  DO CORPO E DA ALMA.

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O QUE É A PSIQUIATRIA
                          O QUE É A PSIQUIATRIA

Os distúrbios mentais nem sempre foram considerados como doenças. Às vezes tidas como manifestações dos  deuses, ás vezes como possessão demoníaca, a loucura esta antiga contradição humana, só ganhou  estatuto de doença, e, como conseqüência, uma disciplina para seu estudo e tratamento – a psiquiatria , no final do século XVIII, com a  Revolução Burguesa de 1789, quando ganha corpo como um problema social – Paris, com os seus 660 mil habitantes á época, possuía  20.000 hospitalizados, dos quais  12.000 no Hospital Geral, 3.000 nos Inválidos, 2.500 no Hotel Dieu e o resto em pequenas fundações onde se encontravam fundamentalmente os pobres, os loucos, os vagabundos e alguns doentes. Toda a França tinha 100.000 internados e os hospitais já naquela época com suas características de promiscuidade, disciplina e poder discricionário dos administradores, não poderiam ser considerados lugares de tratamento mas locais de seqüestro e brutalidade, onde aos loucos pobres ainda se acrescia grilhões nos tornozelos e pescoços para prevenir desordens.
E é nessa situação humana deplorável que os novos dispositivos jurídicos institucionais, calcados  na nova ordem de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, abolem as “Lettres de Cachet”, que era suporte legal de seqüestro de loucos e vagabundos nos antigos hospitais, para logo a seguir, instituir a Nova Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que estabelece a assistência  pública como dívida sagrada, cabendo a lei determinar sua natureza e aplicação. O fato curioso é que o “Relatório de Delecloy” sobre  a organização da assistência pública de 1793, já coloca o princípio da privatização e da municipalização como saída para administração do caos reinante. Neste mesmo ano da graça de 1793, Pinel é  nomeado para a enfermaria Bicêtre, separando loucos e não loucos nas demais casas de  correção,colocando-os  num mesmo lugar para serem tratados.





Na verdade, pouco se sabia de como lidar com a doença mental e a medicina com suas concepções mecanicistas anatomofisiológicas de então, não tinha nenhum preparo pra lidar com tão complexa tarefa. A ambição política  da psiquiatria de cuidar da loucura estava sempre acompanhada de um despreparo dos meios técnicos  para tal fim.Pioneira , a tecnologia pineliana  centrava-se em três  princípios que, precisos para a higiene social da época sempre deu margem a críticas técnicas e humanistas desde sempre. O primeiro princípio preconizava isolar o louco do mundo exterior, rompendo com este foco permanente de influência incontrolada que é a vida social. O segundo princípio  propagava a ordem asilar, com lugares rigorosamente determinados, sem possibilidades de transgressão, e o terceiro princípio, uma relação, de autoridade entre o médico com seus auxiliares e o doente a ser tratado. Estes são os pilares básicos de um idealismo que trata igual e moralmente seus usuários. È preciso, portanto, para estes enfermos, estabelecimentos públicos e privados submetidos a regras invariáveis de política interior. Estava portanto instituída a escolha  manicômio/hospitalar para o tratamento mental.
Apesar dos esforços de cientização das práticas, a verdade é que muito se matava em nome da nova ciência. Por exemplo, os 12.000 usuários imediatamente identificados e localizados nas enfermarias Bicêtre e Salpêtriére, após um ano de tratamento 5.000 saíram,  4.500 morreram e os demais 2.500 permaneceram internados.
Embora  o desenvolvimento da ciência e da técnica tenha caminhado lentamente, dependendo de guerras e conjunturas que melhor que melhor as favoreciam ou as dificultavam, o conhecimento trazido por Freud, no final do século XIX, interrogando os sintomas e buscando  entender significados inconscientes para determinadas manifestações humanas  sem sentido aparente, reconstituindo determinantes históricos, através da repetição e da transferência, produziu uma importante virada na história dos tratamentos.




Mais tarde, já durante a Segunda Guerra, a descoberta da psicofarmacoterapia e a difusão  tornou a necessidade de longas permanências nos asilos uma questão de política e  não uma questão técnica. Isto porque diferentes  de outras especialidades, não existe tratamento psiquiátrico que tecnicamente não possa acontecer em regime ambulatorial. Mais recentemente, as contribuições das escolas Sociogênicas de Caplan, Zasz, Bateson etc,  e psicológicas como Basagia, Guatari e outros, minimizam aspectos da constituição individual dos sujeitos valorizando a determinação social das doenças e dos tratamentos.
É  na perspectiva da psiquiatria que situamos todas as demais ciências do psiquismo e do comportamento e são estabelecidos os parâmetros e limites. As enfermidades mais pertinazes do psiquismo estão no universo psicogênico, que tem cerca de 50 %  da população  com algum tipo de afecção. A psiquiatria e a psicanálise têm delimitadas as respectivas áreas de competência. O conhecimento das enfermidades psicogênicas é fundamental para o conhecimento do ser humano em profundidade, e a necessidade de diagnóstico diferencial. A psiquiatria possibilita o conhecer as “doenças  mentais” necessárias para fazer o diagnóstico e estabelecer o prognostico mais exato. ( saber, escolher, tratar e respeitar o paciente).
A Psiquiatria é um ramo da Medicina que tem por objeto a patologia da “vida de relação” ao nível da integração que assegura a  autonomia e a adaptação  do homem nas condições da sua existência. Os problemas estruturais psicogênicos ( vêm da origem) competem à Psiquiatria .

PAULO ROBERTO SILVEIRA
Enviado por PAULO ROBERTO SILVEIRA em 02/06/2009
Alterado em 10/08/2009
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